Entenda o que é a música e os motivos pelos quais você deveria se importar mais com ela

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Se durante toda a vida você achou física algo totalmente desnecessário e desinteressante, não se desanime. O presente texto não falará sobre isso, mas antes preciso de algumas definições.

Um som é entendido como uma onda mecânica. Com outras palavras, isso significa que há uma necessidade material para que ele se propague, seja esse material o ar e suas moléculas, a água ou mesmo um pedaço madeira. Ainda a respeito, isso significa que os filmes de Star Wars e as suas explosões espaciais não fazem qualquer sentido, já que o vácuo não é capaz de transmitir qualquer tipo de som.

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A introdução ao som não teve lá uma importância tão relevante, mas necessitei para que falasse de uma das propriedades mais importantes ao meu ver: a frequência. Com frequência, a grosso modo, define-se quantas vezes uma onda oscilará em uma unidade de tempo específica (f=1/T). Assim, para a frequência chamaremos de Hertz (Hz) a sua unidade de medida.

Nós, humanos, temos a capacidade de ouvir, em condições normais, sons entre 20 Hz e 20.000 Hz, sendo 20 o som mais grave e 20.000 o mais agudo. Outros animais na natureza conseguem emitir e perceber sons em frequências abaixo dos 20 Hertz ou mesmo acima de 20.000 Hertz.
Não deve ser surpresa para você que alguns animais se sentem totalmente agitados e procuram algum lugar para se esconderem em casos de terremoto, tornados ou erupções vulcânicas. Os humanos por vezes não entendem nada, já que, obviamente, não conseguem nem perceber tais ondas, mas os outros animais se salvam.
Uma dica: seja um exemplar da espécie menos egocêntrico. Você pode ter aprendido a lascar pedra e a plantar soja, mas isso não te torna melhor do que os elefantes que fogem quando há um perigo real enquanto você frita em lava.

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Evitando qualquer pedantismo e indo mais direto ao ponto, deveríamos ser gratos por nossa estrutura biológica nos propiciar a audição. A onda sonora ao alcançar o nosso tímpano provoca nele uma vibração. O tímpano, por sua vez, provoca vibrações nos ossículos da audição, sendo chamados de martelo, bigorna e estribo, já que guardam suas semelhanças com estes objetos. As vibrações chegam então à cóclea, e passam ao fluído líquido que lá se encontra. A vibração no líquido da cóclea vai estimular células ciliadas (que estão em aproximadamente 15 mil unidades!), e é onde a frequência se encaixa. A depender de qual frequência atinge o líquido presente na cóclea, determinados grupos de células ciliadas estimularão eletricamente neurônios, que levarão através do nervo vestíbulo-coclear estímulos não só de som, mas, também de equilíbrio, informações ao cérebro, e, por fim, graças a isso ouvimos!

Agora que você está a par da complexidade da audição e de como tudo isso se forma, faça-nos um favor e esqueça tudo isso. A música vai muito além da nossa compreensão física ou biológica.

Muito antes dos nossos ancestrais terem deixado seus rastros nas pinturas rupestres e tenhamos por décadas atualmente as definido como o primeiro registro artístico, isso não significa necessariamente que essa tenha sido a primeira manifestação artística de nossa espécie. É certo que durante nossa evolução biológica tenhamos manifestado talvez antes mesmo da linguagem complexa alguma forma de música, afinal, não necessitamos de uma linguagem especificamente falada para que isso ocorra. Melodias cantadas por pássaros ou outros exemplos são sempre evidentes, mesmo entre os mamíferos, então, não acredito que tenhamos sido uma exceção.

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Nossos rituais ancestrais sempre foram acompanhados de muita música. Iniciações, uniões, cantigas de paz ou mesmo para entoar a guerra, a música está lá e é tão antiga quanto a nossa espécie. Por vezes, porém, temos nos esquecido da importância do que nos juntou coletivamente e socialmente. Confraternizações entre tribos e grupos ancestrais tiveram sua importância social gigantesca. Música é amor, compaixão e união.

Ao longo do tempo a música se altera. Por vezes não só para a realização dos rituais ditos primitivos. Trovadores e seus alaúdes espalham a harmonia, a melodia e o ritmo junto ao seu lirismo no que se chamou de Idade Média. Tempos depois a música passeia por outros estilos. Os eruditos se debruçam por horas e horas com afinco em suas virtuoses. Beethoven fica surdo mas nem por isso cessa a sua paixão compulsiva. Continua sua arte, contrariando todas as limitações. Todas? Nunca. O amor é maior. A paixão arde. A criatividade gera combustão. Pessoas dão a vida por isso e dedicam tudo o que tem de mais enérgico.

E nós?
Bom, nós amamos igualmente. Tanto quanto os nossos ancestrais, repetimos os símbolos que evoluíram conosco. Nossos ancestrais cantam internamente quando ouvimos algo que nos agrada. Nos sentimos animados ou mesmo potencializamos nossa tristeza. Algo feliz aconteceu? ouça uma música. Algo triste se passou em sua vida? potencialize! Chore o quanto conseguir. Molhe a maquiagem ou a fronha do travesseiro. Não há problema. Aliás, talvez, seja a sua melhor escolha. Dê tempo ao tempo. Dê tempo à música.

Não interessa. Ela está conosco. Casamentos e por vezes enterros. Nossa cultura aflora. Música também é provocação, bastando ver isso nos estádios de futebol.

É difícil definir por vezes algo que toca tão profundamente a alma e como palavras faltam para explicar os sentimentos.

A música dita regras, cria tendências, inventa culturas e nos aproxima de quem nós gostamos e amamos. A música é inventada, mas por si só ela é capaz de inventar. A música tem a potência criadora de gerar a paz e mesmo o mais puro grau de harmonia no próprio espírito. Ao menos eu, não tenho a mínima dúvida de que elevo a minha Potência de Agir em termos de Spinoza, e me aproximo do deus interior quando me dou com algo que escuto e ouço com carinho.

Faça você o teste. Certamente a música está tão integrada à nossa espécie que atualmente seria impossível viver sem ela. Passamos por cantigas em volta das fogueiras ao anoitecer para as aventuras do lirismo na Europa Medieval. Passamos das audições eruditas para a Belle Époque. Do Blues ao Psicodélico e ao Progressivo. Do alternativo dos porões de New York ao eletrônico das Raves. Não interessa quando ou onde, a música está tão integrada em nossa história que é impossível dissociar onde começa ou onde termina.

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Com a linguagem das ruas através do Rap,
Com as melodias tristes de algum Post-Punk,
Com a animação e a emoção de um cerimonial de casamento,
Com a explosiva agitação da música eletrônica,
Com a alegria de viver, ouvir e interagir com qualquer um desses gêneros e estilos.

Dê uma chance a você mesmo. Ouça mais música. Viva mais. Cante mais. O amor floresce quando revivemos nossos ancestrais em símbolos.

Dance e seja feliz. O tempo é curto e por vezes o mundo obscuro.
A arte nos alimenta e nos enche de esperança numa sociedade cada vez mais consumista e doentia.

Crie, batuque e dance. Seu espírito pede por isso. Reviva sua história.

Lembre-se de momentos e imagine coisas que nunca aconteceram.

Invente uma trilha sonora. Cantarole enquanto anda ou limpa sua casa.

Mande músicas para o seu amor. Faça de sua vida um retalho memorável com trilhas sonoras maravilhosas.

Compartilhe o que ama.

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Não sabe compor ou tocar algum instrumento? Aprenda. Sempre há tempo.

A criatividade é o melhor remédio para uma alma corrompida. Largue a histrionia e comece já a dar vazão ao seu potencial. Os globais são só um referencial econômico. Arte é mais do que isso. Arte é tesão e manifestação de nossa evolução.

Não perca tempo. Música é saúde. Música é existência. Crie, batuque e dance.

Foi o que fizemos ao longo de nossa evolução, e de forma alguma deveríamos ter parado. A alma grita, os ancestrais dançam. O corpo clama por saúde.

Ouça música. Viva a música. Viva o amor!

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